O que está faltando na Imagem Pública de Rotary?
Com frequência ouvimos pessoas comentando que a Imagem Pública do Rotary não é eficiente. Pessoas que acham que o Rotary não aparece, que não divulga seu trabalho, que dizem que ninguém conhece ou ouviu falar na organização... Talvez seja interessante fazermos uma reflexão no assunto e descobrirmos qual a NOSSA responsabilidade nesse cenário.
O Rotary é uma organização secular, e ainda herda um pouco da imagem construída quando ainda não era tão aberto ou plural como é hoje. Por muitos ainda é visto como um clube de negócios, fechado, só para homens ou restrito a determinados níveis sociais. Até dentro da organização há quem veja desta forma, e em alguns lugares há ainda clubes que funcionam desta forma.
Mas o Rotary evoluiu junto com a sociedade e é hoje talvez uma das mais democráticas organizações existentes, em termos de gênero, religião, etnia, faixa etária, cultura ou outros aspectos. E deixou de ter como único foco o aspecto do relacionamento e passou a se dedicar ao grande objetivo que é o servir.
O que devemos divulgar: clube de serviços ou clube de profissionais? Mas ainda existe essa dualidade, até mesmo na mente dos rotarianos – uma certa crise de identidade. O que somos? Que aspecto deve prevalecer? O de clube de profissionais, ou o de entidade de prestação de serviços? A resposta é: AMBOS! Ao falarmos de Rotary devemos mostrar que o Rotary beneficia quem dele participa, não como mero gerador de negócios, mas como gerador de relacionamentos, amizades e informações que proporcionam o crescimento a cada profissional. E que a partir desta força possibilita a cada um retribuir um pouco de seu sucesso à sociedade, através da prestação de serviços.
Há pessoas que acham contraditória essa dualidade, como se o relacionamento profissional entre rotarianos fosse um tabu, algo proibido. Ao contrário, é um dos nossos pilares, mas desde que feito sob um rigoroso código de ética, como a Prova Quádrupla, deixando claro que não há lugar para oportunistas, mas que apenas aqueles genuinamente comprometidos com a ética e com a sociedade colherão os frutos desse relacionamento. Assim as ações de imagem pública podem destacar essa dualidade entre a prestação de serviços e o relacionamento profissional pautado pela ética.
Como divulgar Mas como fazer a sociedade saber disso? Seria o Rotary International, ou talvez os Distritos, responsáveis por fazer essa divulgação? Deveria o Rotary atuar como uma empresa, sacar milhões de seus recursos e usar em mídia, exibindo comerciais no horário nobre ou anunciando em revistas de grande circulação? Seria fácil, não? Poderíamos atingir milhões de pessoas e crescer rapidamente... Mas claro que isso não pode ser feito! A atuação como empresa em termos de gestão é bem-vinda, mas o Rotary, por sua natureza beneficente, jamais poderia sacar um centavo das contribuições que recebe para este tipo de divulgação paga. Cada centavo doado à organização, especialmente aqueles destinados à Fundação Rotária, é um recurso suado cujo doador quer ver aplicado na realização de um projeto social – nunca gasto com propaganda! Então, como fazer?
O caminho é usar a sua maior força, que está nos clubes e em seus associados! É justamente essa força que dá o poder para a organização, e que pode mudar esse cenário. São 32 mil clubes, e mais de 1,2 milhões de associados que podem levar a mensagem adiante, a baixíssimo ou nenhum custo. E a divulgação por este meio começa de uma forma muito simples: o uso do PIN! Através de seu uso cada rotariano pode despertar a curiosidade em outras pessoas e levar a mensagem à sua rede de relacionamento. Mas é só o começo. Muitos rotarianos tem em seus círculos de relacionamento conhecimentos em meios jornalísticos, sociedade civil, poder público, mídia, profissionais de marketing, assessores de imprensa, que podem contribuir para uma difusão em grande escala. E principalmente associar a marca Rotary a cada projeto beneficente realizado, para que as pessoas associem o nome ao resultado.
O Rotary International e a Imagem Pública Não quer dizer que o Rotary International não tenha seu papel ativo nesta divulgação. A organização profissionalizou a sua comunicação e criou diversos recursos para apoiar os clubes e associados na divulgação de sua imagem. Por exemplo, as imagens da campanha Falta Só Isso, com celebridades brasileiras, como o humorista Renato Aragão. Ou através da reformulação de sua marca, com a criação de um novo logotipo, que tem como objetivo o fortalecimento do nome “Rotary”. Aos Distritos cabe orientar aos clubes para que usem esse material e façam a divulgação de seus projetos.
Nosso Papel Assim é hora de percebermos que depende fundamentalmente de cada um de nós o sucesso da Imagem Pública de Rotary, e que não resolve ficarmos sentados dentro da casca apenas criticando. Não precisamos bloquear navios pesqueiros, nem tirar a roupa na rua, como algumas organizações fazem para ganhar a mídia, mas com ação e criatividade podemos mudar esse cenário! A cada projeto, a cada ação, vamos mostrar quem somos. Nada de inaugurar um projeto sem chamar a imprensa! Nada de fazer um projeto sem colocar em seu site, nas mídias sociais, ou na mídia local que estiver a seu alcance. Vamos divulgar menos a festa, e mais o porquê daquela festa – o que foi feito com os recursos que foram arrecadados! Não basta um marco rotário que não diz nada. Chame todo mundo, e grite: olhe o que estamos fazendo!
Marcelo R. S. Carvalho
Presidente da Comissão de Imagem Pública do Distrito 4420