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Palestra sobre Alfabetização de Adultos é destaque no RCSP-Aeroporto

22/08/2017


RC São Paulo Aeroporto

Para abrilhantar a reunião com seus conhecimentos e experiência profissional, a associada Maria Cecília M. F. Almeida, com classificação em Rotary definida como Magistério-Diretora, expôs a problemática educacional no Brasil que envolve uma enorme população que infelizmente não teve oportunidade de freqüentar a escola regular. 
 
O desafio de alfabetizar jovens e adultos continua grande devido à exclusão, o que dificulta a qualidade de vida das camadas menos favorecidas. Algumas iniciativas de grupos e pesquisadores, como Maria Cecília, têm feito a diferença. 
 
Atualmente, a companheira é diretora da Escola Estadual Professora Dulce Carneiro, diretora do Segmento Educação para Adultos do Colégio Santa Maria, formada em Ciências Sociais e Antropologia pela PUC/SP, Pedagogia e História pela USP/SP e Pós-graduação em Educação com foco em Alfabetização para Adultos também na USP/SP e MBA em Gestão e Gerenciamento na UFF. 
 
A palestrante ressaltou que é uma responsabilidade muito grande falar sobre este tema que além de empolgante é extremamente complexo.  
 
“Falar sobre educação no Brasil em 15 minutos é mais difícil do que resolver o próprio problema da educação no país” comentou de maneira sincera e com simpatia. 
 
Ela falou sobre a importância de alfabetizar adultos e por que, isso se faz tão necessário.  
 
“A educação de adultos só existe, porque não existe a educação infantil. Ela existe, porque vivemos numa sociedade de desigualdades muito grande, aonde boa parte da população não teve acesso à educação no período certo da sua idade ou muitos até tiveram a oportunidade, mas a escola os expulsou. Não no sentido literal de mandá-los embora. Expulsou, porque ela - a escola- não era atraente o suficiente para mantê-lo dentro da dela. Muitas vezes, a própria vida empurrou esse aluno pra fora da escola pela necessidade de manter a família. Então, para explicar a educação de adultos temos que explicar também o porquê da educação infantil, da pré-escola e mesmo dos ciclos iniciais estarem na situação que nós encontramos hoje, no nosso país”, disse Maria Cecília.  
 
Ela lembrou os companheiros que, todos vivem na maior cidade do Estado de São Paulo, que é também, a maior da América Latina e, dentro dessa realidade, há aproximadamente 280 mil pessoas iletradas, na cidade que possui a maior renda per capita do país. Isso, sem incluir os chamados “analfabetos funcionais”, aqueles que por muito pouco deixaram de ser analfabetos, porque cursaram os primeiros anos da escolarização, mas não detém o conhecimento suficiente para serem considerados alfabetizados. 
 
E muitos desses não alfabetizados, são aqueles que trabalham para nós, constituindo mão de obra barata, muitas vezes explorada, além daquele que vive à deriva e a margem da sociedade. Estamos falando de um país que teve durante um Governo o projeto Pátria Educadora”, como lema. Aonde está esta pátria educadora? E quando me refiro a São Paulo, nós que moramos na Zona Sul, não sabemos talvez, uma realidade ainda mais triste. O maior índice de analfabetos em São Paulo está no bairro do Grajaú, que é nosso vizinho, aonde muitos dos nossos porteiros, faxineiros e prestadores de serviços são da região. É um bairro de Zona Sul muito grande que, das 31 Subprefeituras é o último colocado em nível de alfabetização. É muito triste imaginar, como conseguimos chegar a este nível? Mas devemos avaliar, como é que nos tratamos o aluno que está em idade certa, dentro de uma escola pública, participando do processo de alfabetização?”, perguntou a educadora. 
 
Agregando citações, a palestrante lembrou que, a preocupação com a alfabetização não é só nossa e não vem sendo discutida e pensada, somente agora. Adam Smith foi um importante filósofo e economista escocês do século XVIII que já afirmava que, o principal capital era a alfabetização, a escolarização”, considerando a economia que foi gerada por toda uma inovação da revolução industrial na época e toda evolução do capitalismo que surgia. 
 
“Adam Smith coloca a educação como ponto referencial para todo sucesso. Sucesso esse que, nós aos poucos, começamos a trilhar algum caminho. Para se ter uma ideia, em 1934 surgiu no Brasil uma equipe de pensadores que era composta por Cecília Meirelles e pelo grande fundador de toda estrutura da política econômica brasileira junto com a educação, Anísio Teixeira, que criou um projeto chamado “Escola Nova”, um projeto que atraia as crianças para a escola com propostas não só pedagógicas mas propostas de conscientização e construção de cidadania. Imaginem em 1934 uma escola onde não existia o poder do professor como único conhecedor do assunto? Onde tudo era discutido? Uma escola onde as aulas eram dadas em formas circulares? Crianças debatiam assuntos de interesse trazidos pela própria criança, hoje chamado de pré-conhecimento. Isso foi trazido dentro de um governo ditatorial que nesse aspecto pode ser considerado ousado. Em 1960 esse grupo ainda existia com pouca formação no país. Nesta ocasião, o primeiro Ministro da Coréia visitou o país e ao conhecer o projeto ficou encantado e levou a ideia para o seu país. Nós interrompemos o projeto em 1962. A Coréia continuou. Vejam onde está a Coréia que, com seu aperfeiçoamento e adaptações, continuou evoluindo e mantendo o mesmo principio do projeto brasileiro. E nós, onde estamos?”, questionou a palestrante. 
 
Quem é responsável pela má qualidade da educação no Brasil? 
 
“O responsável pela má qualidade da educação no Brasil é uma pergunta que todos nós fazemos, mas não tem uma única resposta”, afirma Maria Cecília.  
Segundo a educadora, os responsáveis partem desde os princípios governamentais à acomodação de uma sociedade. 
 
“Houve um tempo em que as escolas públicas eram as melhores porque se investia no ensino, Eram consideradas elitistas, com uma qualidade fenomenal, conduzida pelos melhores professores, se tornando referência para qualquer outra escola. Hoje, os papéis se inverteram. A qualidade está nas escolas particulares. A escola pública atende um universo muito grande de estudantes mas, ao mesmo tempo que ela aumenta a quantidade, ela declina na qualidade. Esse foi o erro capital de todo nosso processo educacional”, destacou a educadora . 
 
Com essa belíssima explanação e muito mais conteúdo sobre a importância da prática pedagógica e da boa formação de professores, a palestrante conseguiu envolver todos os companheiros no tema que trouxe reflexão e muita informação pertinente ao compromisso do cidadão com a qualidade da educação na sua cidade, no seu estado e no seu país. Para Maria Cecília não adianta só apontar os problemas. É preciso pensar em novas possibilidades... 
 
“A educação no país tem jeito, mas é preciso ter vontade política e social. Filho de uma pessoa que volta a estudar cria um estímulo maior para continuar na escola”, finalizou. 
 
Um convidado português prestigiou os rotarianos. Convidado da palestrante, João Cordeiro, Diretor Executivo do Business Network International (BNI), agradeceu pela receptividade e falou um pouco de sua carreira e dos negócios que mantém no Brasil, país que ele considera cheio de oportunidades.

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